OSCAR 2020: Quem são, quem merece e quais as chances de cada um

OSCAR 2020: Quem são, quem merece e quais as chances de cada um

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Um resumão dos principais indicados, o que achamos e o que você deve saber


Tá na hora de comentar sobre os indicados ao Oscar 2020, esse prêmio que adoramos odiar de pertinho mas que esperamos o ano todo pra apreciar seus filmes.

Abaixo, algumas observações sobre o que esperar dos indicados à melhor filme.

1917

Indicações: 10 (Melhor filme, diretor, roteiro original, fotografia, maquiagem, design de produção, canção, efeitos visuais, mixagem e edição de som). Veja o trailer

Tecnicamente perfeito, reconhecidamente excelente em vários aspectos (a seqüência na França tem uma iluminação absurda), e já papa-prêmios nas demais cerimônias que antecedem o Oscar. Sim, “1917” chegou com tudo na temporada de premiações e é o preferido de muitos para melhor filme (talvez melhor diretor, com Sam Raimi (que fez “007 – Skyfall”).

Mas, em compensação: ele É o melhor filme mesmo? Pode parecer contraditório, mas, ainda que “1917” possua todas as qualidades que somos obrigados a reconhecer, ele talvez seja o que menos faz o espectador sentir algo.

É praticamente um road-movie, que tem um objetivo simples: Ir do ponto A ao ponto B no meio da primeira guerra mundial. Mas em poucos momentos isso toca quem assiste, e a falta de empatia com o público talvez seja seu maior demérito ante toda perfeição profissional do filme.

Adoráveis Mulheres

Indicações: 6 (Melhor filme, atriz, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, figurino e trilha sonora). Veja o trailer

Terceira vez que a americana Greta Gerwig dirige um filme, segunda indicação de um filme dela à melhor do ano. “Adoráveis Mulheres” atendeu realmente ao seu título no Brasil e fez um filme divertido, amável e com uma dose de sororidade envolvida.

Pra quem curte TV brasileira, pode identificar uma vibe “A Casa das Sete Mulheres”) no filme (é brincadeira, o filme é baseado num livro de 1868), com cinco atrizes que soam personas muito específicas mas facilmente empáticas: Emma Watson (“A Bela e a Fera”), Eliza Scanlen (de “Objetos cortantes”) e as indicadas deste ano Florence Pugh (“Viúva Negra”) e Saorise Ronan (“Lady Bird”). Além das cinco principais, o filme ainda conta com a participação de Laura Dern (“Star Wars”) e a rainha das indicações Meryl Streep (“The Post”).

Destaque também para a ambientação no final da Guerra Civil americana e pela linha do tempo do longa, que mistura dois tempos distintos na vida da protagonista, mas que vão se alinhando sem confusão. Tem maiores chances de prêmio em figurino e roteiro adaptado.


Coringa

Indicações: 11 (Melhor filme, diretor, ator, roteiro adaptado, fotografia, figurino, maquiagem, trilha sonora, edição e mixagem de som). Veja o trailer

Houve quem gostou, houve quem não gostou, mas ninguém ficou indiferente à intensidade de “Coringa” nas telonas. Inegavelmente, Joaquin Phoenix (que também fez “Her”) é o motor do filme, e “carrega nas costas” uma produção que parecia improvável de funcionar… Afinal de contas, quem pensaria em fazer um longa-metragem do maior vilão do Batman e só com ele?

E essa discussão praticamente desaparece quando se assiste. Num ano onde parecíamos satisfeitos de adaptações de personagens de HQ, vir algo tão diferente, violento e perturbador quanto “Coringa” foi uma grata surpresa.

Dirigido por Todd Philips (“Se beber não case”) e ironicamente com muita alma de Martin Scorsese (tá aqui o porque da ironia), É o filme que mais recebei indicações em 2020. Infelizmente, elas que soam mais como “sequestro de audiência”, pra tentar trazer público à transmissão, que possibilidades reais de levar tudo isso. Onde o Oscar não pode falhar com este filme é na estatueta de melhor ator. Boas chances também de melhor trilha sonora para a islandesa Hildur Guðnadóttir, que fez algo que parece minimalista, mas que dá um peso dramático, tal qual ela mesma fez na série “Chernobyl” (2019).


Era uma vez… em Hollywood

Indicações: 10 (Melhor filme, diretor, ator, ator coadjuvante, roteiro original, fotografia, figurino, design de produção, mixagem e edição de som) Veja o trailer

3 horas de passeio na Hollywood hippie dos anos 60, e Quentin Tarantino (“Django”) só não fez mais indicações que “Coringa”. Tem cara de nostalgia que a academia gosta, e com um final bem… Tarantino 🙂

A pegada de saudade salta aos olhos dos votantes ao premio, e por isso “Era uma vez” é sim um bom candidato à melhor filme, mesmo com todo o confete à 1917. O que pesa contra ele é a edição, que poderia ter encurtado o filme. Por vezes, custa custa a ser entendida como um preparo para a seqüencia final.

Em compensação, o trio principal está brilhante, com uma praticamente angelical Margot Robbie (que foi indicada por O Escândalo ), um divertido Leonardo DiCaprio (“O Regresso”) e principalmente, um ótimo Brad Pitt (“Ad Astra”). Pitt interpreta um dublê do personagem de DiCaprio, e é pelas aventuras dele que vemos a cidade dos artistas à época, com direito a hippies, filmagens em set e mesmo à seita bizarra que ficou conhecida depois.

Ford v Ferrari

Indicações: 4 (Melhor filme, edição, edição e mixagem de som) Veja o trailer

Tem corrida, tem rivalidade, tem história real. Mas quem assiste “Ford v Ferrari” pensando que vai encontrar um “Rush – No Limite da Emoção” (2014), pode murchar um pouco.

Baseado na temporadas 66-67-68 das 24 horas de LeMans, o filme mostra o empenho dos engenheiros da Ford em construir um carro que vencesse a Ferrari, que era dominava o evento há anos. O problema mora no monstro da expecativa: Quem vai esperando um filme sobre esporte, assiste uma história sobre burocracia interna, onde próprios agentes da montadora “ancoravam-na” em publicidade e interesses escusos. Poderia chamar-se “Ford v Ford” que seria mais honesto, embora menos vendável 🙂 .

O filme tem um bom grupo: O diretor de Logan, James Mangold, e os atores Christian Bale (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”), Matt Damon (“Perdido em Marte”) e Jon Bernthal (de “The Walking Dead”). Foi indicado a 4 Oscars mas corre bem por fora na disputa, mesmo sendo bem interessante.


História de um Casamento

Indicações: 6 (Melhor filme, atriz, atriz coadjuvante, ator, roteiro original e trilha sonora) Veja o trailer

É no cotidiano e no ‘poderia ser comigo’ que o filme nos ganha. Adam Driver (de “Star Wars) e Scarlett Johanson (“Vingadores”) formam um casal em processo de separação, numa história que vai nos mostrando aos poucos o que os levou àquele ponto.

Noah Baumbach (de “Margot e o Casamento”) escreveu e dirigiu o filme, que por vezes parece uma peça de teatro portada às telonas. Foi uma das principais apostas da Netflix para a corrida do Oscar, e valeu a pena: Foram seis indicações, com todas as fichas apostadas no prêmio de melhor atriz coadjuvante que, de fato, Laura Dern (de “Jurasic Park”) merece, na pele de Nora, a advogada da personagem de Scarlett Johansson.


O Irlandês

Indicações: 10 (Melhor filme, ator coadjuvante (2), roteiro adaptado, fotografia, figurino, design de produção, edição e efeitos visuais) Veja o trailer

Martin Scorsese lutou muito pra fazer “O Irlandês” (The Irishman) acontecer: Troca de estúdio, tempo de execução, e uma inesperada briga com as redes de cinema pelo simples direito de exibí-lo marcaram os longos anos até a chegada as telas.

Inovador? Diferente? Nem tanto. Existem muitos elementos de outros filmes que Scorsese já havia utilizado antes… Só tem um problema: O “normal” de um diretor como ele, que já fez “Casino” e ‘Os Bons Companheiros”, segue como algo soberbo. As 3 horas e 30 minutos de duração são divertidas e não são sentidas tanto quanto às de “Era uma Vez em Hollywood”, por exemplo.

“O Irlandês” vai para a cerimônica como um dos mais indicados do ano, passando pela máfia dentro dos sindicatos americanos da época de John Kennedy, sendo contada contada por Frank Sheeran (Robert DeNiro). Como se já não fosse suficiente um ator que esteve em ‘O Poderoso Chefão’, ainda somos agraciados por outros dois mega-atores, indicados juntos este ano: Al Pacino (“Donnie Brasco”) e Joe Pesci (“Casino”). Pesci, principalmente, é o alvo da maioria dos elogios do filme, que mesmo causando estranheza na técnica de rejuvenescimento dos atores, ainda ganhou uma indicação por efeitos especiais.

Jojo Rabbit

Indicações: 6 (Melhor filme, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, figurino, design de produção e edição) Veja o trailer

O desafio é: Fazer um filme de aquecer o coração mesmo contendo Adolf Hitler, final da segunda guerra mundial e perseguições de raça. Impossível? Pois foi exatamente o que Taika Waititi (que é diretor de “Thor: Ragnarok”) fez.

Dá até uma sensação estranha uma comédia num cenário espinhoso desses, mas acabou por gerar o filme de mensagem mais tocante e de sorriso mais doce que se dá ao final. Na história, vemos um garotinho alemão (Roman Griffin Davis) que tem Hitler como amigo imaginário, e descobre uma menina judia escondida em seu sótão (Thomasin McKenzie, de “Sem rastros”). O garoto tem imensa curiosidade no que deveria ser sua ‘inimiga’ e o convívio dos dos vai tecendo uma relação de amizade.

É de contexto bizarro sim, e de sentimento muito maior do que se possa imaginar, facilmente digno de ganhar por roteiro adaptado (mesmo não sendo o preferido). É o mais emotivo dos indicados ao ano, e com um final singelo e amável. “Jojo Rabbit” ainda rendeu à Scarlett Johansson uma indicaçãoà atriz coadjuvante como a mãe de Jojo, que acoberta a garota em casa. A cena em que ela imita o pai do garoto justifica a indicação dela, que nunca havia sido indicada antes e em 2020 ganhou duas indicações, aqui e em “História de um Casamento”.


Parasita

Indicações: 6 (Melhor filme, diretor, roteiro original, filme estrangeiro, design de produção e edição) Veja o trailer

Melhor filme estrangeiro disparado, e facilmente poderia ser também considerado “Melhor filme do Ano” pela academia. O filme coreano virou o mundo sendo reconhecido e amado, muito pelo seu elenco e pela tomada social que encarou.

O filme é dirigido por Bong Joon Ho, que fez também “Okja” e “Expresso do Amanhã”. Em “Parasita”, o diretor sai da pecha dos filmes de oscar “monóculos” e faz um longa-metragem totalmente popular e atual, com uma família de classe baixa que vão armando um plano para entrarem aos poucos na vida de um casal rico.

Essa “malandragem social” da família pobre varia o filme inteiro entre ser divertido e dramático, com um quê social importante ao fim. É o filme com menos formato de Oscar e com mais vontade de gritar sua mensagem, o que faz dele um dos mais merecedores de prender a atenção do público e mostrar uma Coréia do Sul longe da tecnologia e perto da favela, como não se vê naturalmente. No Globo de Ouro, o diretor disse: “uma vez superada a barreira das legendas, vocês conhecerão a muitos filmes incríveis”. E esse cinema diferente do que vem só dos EUA cai muito bem quando visto como em “Parasita”.

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